O estudo a seguir foi preparado com muito carinho para você que é membro de uma igreja, pastor, evangelista, obreiro, ou seja, que exerce algum cargo na Casa do Pai. O objetivo é aprendermos com o Apóstolo Paulo os perigos da vaidade humana, da soberba, da incompreensão, da autossuficiência, entre tantas outras ações providas de malignidade. Os ensinamentos a seguir estão ancorados em 1 Coríntios, capítulo 4, mas antes faremos um breve relato histórico. VAMOS CONFERIR!
O apóstolo Paulo passou 18 meses em Corinto, capital da província da Acaia. Ele saiu de Atenas para Corinto, que era uma cidade estratégica para instalar a igreja de Cristo. Paulo teve vários motivos para ali implantar os templos de Deus. A igreja de Corinto foi a que mais fez Paulo sofrer e, ao mesmo tempo, a igreja que mais Paulo amou.
POR QUE PAULO SE FIXOU EM CORINTO?
Por causa da sua posição geográfica. Corinto fica entre dois mares (Jônico e Egeu). Era uma cidade portuária e tinha um fluxo intenso de pessoas que iam e viam. Comércio dinâmico. Além disso, Paulo decidiu implantar ali a igreja por ser uma cidade nova, após o terremoto. Corinto era uma cidade que estava florescendo.
Outra razão é que Corinto era extremamente promíscua. Lá ficava o templo de Afrodite, a deusa do amor. A cultura da cidade naquela época era de ser um local corrompido. A religião e a promiscuidade estavam andando de mãos dadas. As prostitutas serviam suas atividades pagãs através do sexo promíscuo. As comidas eram sacrificadas aos ídolos e nesses banquetes, muitas vezes, haviam orgias sexuais.
Pois bem, Paulo está na igreja de Éfeso, em sua terceira viagem missionária, quando escreve para Corinto sua primeira carta. E, nesta carta, Paulo vai tratar de alguns problemas da igreja.
E o primeiro é a divisão. Haviam quatro grupos na igreja de Corinto: 1) Partido do Apóstolo Paulo – PLP – Partido Liberal de Paulo; 2) O Partido de Apolo – PFA – Partido Filosófico de Apolo; 3) O Partido de Cefas – PCP – Partido Conservador de Pedro; e 4) Partido de Cristo – PCJ – Partido Cristão de Jesus. Aqueles irmãos começaram a se dividir e criar subigrejas dentro da própria igreja. Aqueles quatro grupos começaram a disputar espaço, primazia, domínio da igreja de Corinto.
COMO PAULO VAI LIDAR COM ISSO?
O Apóstolo começou a dizer que o trabalho é coletivo e somente Deus dá o verdadeiro crescimento. Não podemos na igreja de Cristo colocar o líder no pedestal. Na igreja de Deus todos nós somos servos. Não tem esse negócio de dono da igreja. Quem quiser ser o “maior” precisa viver uma vida de constante oração.
No capítulo 4 de 1 Coríntios Paulo apresenta três figuras sobre o ministro cristão. Ele é um mordomo que deve demonstrar fidelidade. Ele é um espetáculo para o momento que deve revelar humildade. Ele é um Pai que deve refletir doçura. Paulo combatendo o culto à personalidade traz algumas figuras importantes:
O MINISTRO É UM MORDOMO FIEL
Os coríntios estavam se concentrando em homens, prestando fidelidade a homens e não a Deus. Assim, estavam imitando o mundo. Paulo, então, ensina-os qual é o perfil do ministro cristão. Paulo diz que o ministro é menos que um diácono, menos do que um escravo, ele é alguém sentenciado à morte, que antes de morrer precisa prestar um serviço.
O MINISTRO É UM MORDOMO QUE OBEDECE AS ORDENS DO SEU SENHOR
Paulo usa a palavra oikonomos. O ministro é despenseiro, aquele que toma conta da casa do seu senhor. Em relação ao dono da casa ele era escravo. Em relação aos outros serviçais ele era superintendente. O mordomo cuida dos interesses do seu senhor. Somos mordomos dos ministérios de Deus. O pregador é um mordomo da Palavra de Deus. O pregador tem o papel de alimentar o povo do Senhor.
O responsável pela compra dos alimentos é o dono da casa. O mordomo tem que servir o que está na dispensa e não oferecer algo que o seu senhor não tenha comprado. O pregador tem o compromisso com a Palavra de Deus. O pregador não pode oferecer algo fora da Palavra de Deus. O mordomo não pode criar o alimento. Tem que trazer o alimento que está na dispensa. Não podemos trazer para o púlpito de Deus filosofias humanas, ideologias políticas, as novidades da fé, entre outros.
A função do mordomo era servir as mesas com integridade.
O MORDOMO NÃO PODE:
• Mudar o alimento;
• Adulterar o alimento;
• Acrescentar o alimento;
• Reter o alimento.
O pregador prepara o sermão, mas a mensagem é de Deus. O pregador precisa ser um mordomo zeloso que prepara um alimento delicioso com as opções que estão na dispensa. Cabe ao pregador trazer o alimento todo que está na dispensa para fazer algo nutritivo e saboroso.
A RESPONSABILIDADE DO MINISTRO COMO MORDOMO É SER FIEL AO SEU SENHOR
A função do mordomo não era agradar às demais pessoas na casa nem muito menos aos outros servos, mas ao seu Senhor. O papel do mordomo não é ser popular nem bem-sucedido, mas fiel. O critério de Deus nisso tudo não é o sucesso, nem a popularidade, mas a fidelidade. Precisamos nos levantar no púlpito e dizer ASSIM DIZ O SENHOR. Devemos oferecer o alimento contido na Palavra de Deus, pois o Senhor não tem compromisso com a palavra do pregador. Ele tem compromisso com a SUA PALAVRA.
Há três tipos de julgamentos na vida do ministro como mordomo
Julgamento dos homens – O julgamento dos homens não é o mais importante. Não estamos servindo a homens, mas a Cristo;
Julgamento da consciência – Os filósofos gregos e romanos (Platão e Sêneca) consideravam a consciência como o juiz máximo do homem. Para Paulo, apenas Deus pode sê-lo. Nossa consciência não é totalmente confiável. Podemos ser justificados por ela e condenados por Deus. Algumas vezes, nós não conhecemos a nós mesmos.
Julgamento de Deus – O juízo de Deus é o final, porque só Deus conhece: 1) Todas as circunstâncias; 2) Todas as motivações.
Há três tipos de repreensões à igreja em relação aos ministros
Julgar os servos de Deus no tempo errado. Somente na segunda vinda de Cristo o julgamento será final e completo, porque só ele conhece o coração e a motivação das pessoas. Ele julga não pela aparência, porque ele vê o coração.
Julgar os servos de Deus no tempo errado – Quantas vezes somos apressados demais em julgar um pregador;
Julgar os servos de Deus com critério errado – Aquela ideia de comparar as pessoas e qualificar um melhor do que o outro;
Julgar os servos de Deus com a motivação errada – Jamais posso comparar eu ao outro para me exaltar. Isso não é cabível na igreja na igreja de Deus.
O MINISTRO É UM ESPETÁCULO AO MUNDO
A palavra espetáculo deu origem à nossa palavra teatro. O coliseu romano tornou-se o centro desses espetáculos. Esta é a figura que Paulo evoca para os apóstolos de Cristo. Os ministros não estão no pódio para os aplausos dos homens, mas na arena do teatro, para serem entregues à morte.
REIS E PRISIONEIROS
Os coríntios pensavam que eles eram uma igreja de muito sucesso, muito madura e eficiente. Estavam cheios de vanglória. Por isso, a ironia de Paulo no verso 8: “Já estais fartos, já estais ricos, chegastes a reinar…” Eles estavam como a igreja de Laodicéia. Eles tinham um alto conceito de si mesmos.
SÁBIOS E LOUCOS
Paulo era louco de acordo com o critério dos homens. Ele abandonou seus status, sua posição, suas vantagens (Filipenses 3:4-16). Mas na verdade, os coríntios que se consideravam sábios aos seus próprios olhos, eram tolos aos olhos de Deus.
FORTES E FRACOS
Houve um momento em que Paulo confiou na sua força (Filipenses 3), mas depois que Cristo o salvou, ele passou a gloriar-se apenas em sua fraqueza (2 Coríntios 12:7-10).
HONRADOS E DESPREZADOS
Os crentes de Corinto queriam glória que vinha dos homens. Eles se achavam importantes por estarem associados a homens famosos. Mas Paulo lhes diz que os apóstolos não são nobres, mas desprezados.
O mundo não valoriza as coisas de Deus. Não podemos querer medir a vida cristã pelos valores do mundo. O mundo elogia, muitas vezes, aquilo que é motivo de vergonha. Aquilo que é motivo de alegria e gratidão o mundo rejeita e repudia. Os apóstolos, colunas da igreja, estavam vivendo pobres, passando necessidades, com fome e sede. Eram mal falados, caluniados e tratados como lixo do mundo, mas marcaram a história da humanidade. Não podemos buscar a glória deste mundo.
O MINISTRO É UM PAI
Até aqui vimos que o pregador é um mordomo e requer fidelidade. Para o mundo, o pregador é um espetáculo e requer dele humildade, literalmente baixar a bola. E, agora, vamos ver que o pregador é um pai – e o que requer dele é amabilidade (TERNURA). Paulo já tinha comparado a igreja local a uma família, mas agora sua ênfase é sobre o ministro como um pai espiritual. A severidade de Paulo dá lugar à ternura. Ele agora se dirige à igreja como um pai aos seus filhos. Ele ensina que o ministro na qualidade de pai faz algumas coisas:
O PAI É AQUELE QUE GERA OS CRENTES PELO EVANGELHO
Os crentes de Corinto tinham muitos preceptores paidagogos, mas somente Paulo os tinha gerado em Cristo. Paulo os levou a Cristo. Somente conhecem o amor de pai e mãe aqueles que já têm essa experiência. Paulo não lida com os crentes de forma profissional, mas como um pai que os gerou.
O PAI É AQUELE QUE DÁ EXEMPLO PARA A SUA FAMÍLIA
A palavra “imitadores” é mimetai. Os filhos aprendem primeiro pelo exemplo, depois pela explanação. O exemplo não é apenas uma forma de ensinar, mas a única forma eficaz. Os crentes mais observam o pregador do que os escutam.
O PAI É AQUELE QUE É FIEL EM DISCIPLINAR A FAMÍLIA
A tolerância de Paulo tinha limites. Agora, ele está pronto a disciplinar os crentes em Corinto. Paulo não era semelhante àquele pai indulgente que diz para o filho: “esta é a última vez que eu falo com você”. O pai não apenas dá exemplo e ensina, mas também disciplina os filhos quando se tornam rebeldes. A disciplina do pregador, sempre, deve ser a Palavra de Deus.
O PAI É AQUELE QUE DÁ AFETO E CARINHO
Paulo era um pai capaz de sofrer as dores do parto, capaz de exortar dia e noite com lágrimas, como ama que acaricia os filhos, como pai que prefere ir aos filhos com ternura, pois o pregador não pode ser grosso, violento, sem pudor. Pelo contrário, as ovelhas precisam correr para o seu pastor no momento de dor e ferida.
O PAI NÃO HUMILHA OS FILHOS
O pregador jamais deve humilhar as pessoas, os seus filhos. O papel do pregador não é humilhar ninguém. Devemos exercer disciplina com amor. A igreja de Deus não é local de promover doença emocional, mas é lugar de cura.
O PAI É AQUELE QUE SE ESFORÇA PARA ESTAR PRESENTE
O pastor e o pregador estão ausentes das suas ovelhas durante a semana e se tornam incompreensíveis quando estão em cima do púlpito aos finais de semana. Pastor tem que ter cheiro de ovelha. Pastor tem que gostar de ovelha. Pastor tem que conviver com as ovelhas. Pastor tem que sentir saudades da sua ovelha. Amar a pregação é diferente de amar as pessoas para quem nós pregamos.
O pregador deve ter um ministério fiel a Deus. Não devemos permitir a soberba no coração ou se sentir melhor do que as pessoas. Não podemos aceitar o pedestal. Precisamos ser um pai amoroso, que não gere apenas os filhos, mas cuide deles.